segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Buscar o Deus verdadeiro

Em cada ser humano oculta-se o anseio de encontrar um sentido para sua vida. No coração de cada pessoa, Deus inscreveu a ânsia de buscar e de encontrar o único que pode acalmar esse intenso desejo. O anseio é o sinal de que Deus gravou no coração humano. Mesmo quando não sentimos a presença de Deus, o vestígio que trazemos  no coração de quando em vez se agita. Quando a pessoa está pronta a escutar o apelo de seu anseio e o da voz de Deus, a qual responde ao clamor interior, então se dá uma transformação no ser humano. Nesse momento, assim como um castelo de cartas, desmoronam-se seus atuais padrões de existência - o edifício de vida que ele construiu penosamente e no qual se instalou. E muitos se põem a caminho. Partem em viagem. Desmancham a tenda na qual até agora se abrigavam, e empreendem a partida rumo a Deus e a seu verdadeiro si-mesmo. A teologia tradicional chama isso de mudança ou conversão. Os seres humanos fazem uma volta. Já não prosseguem no caminho percorrido até agora; eles se voltam e aventuram-se por outro caminho, em outra direção. Anima-os a confiança de que esse novo caminho os conduzirá a uma verdade, a uma vitalidade, a uma liberdade e a um amor ainda maiores; levá-los a Deus e ao mistério da própria pessoa, da própria vida.
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Não importa em que época vivamos, existe sempre a possibilidade de alguém fechar-se para Deus, e seguir o próprio caminho sem Ele e, às vezes, também contra Ele. No entanto, em todos os tempos, o próprio Deus toma a iniciativa e toca o coração das pessoas. É quando, então, não há mais retorno. 
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Será que Deus não quer também abalar nosso edifício vital e irromper em nossa vida, de modo que se despedacem todas as nossas concepções de nós mesmos e de Deus, e sejamos forçados a partir para uma nova terra, a terra do Deus vivo, na qual possamos ser totalmente nós, porque Deus assume em nós o primeiro lugar?
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Em cada um de nós se esconde a saudade de Deus.
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Quando Deus nos governa, atingimos, então, nosso verdadeiro si-mesmo, tornamos-nos livres das expectativas e das pretensões das pessoas, livres das críticas e das condenações por parte das pessoas.
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Buscar a Deus significa também deixar-se sempre questionar por Ele. Buscamos a Deus não como quem está à cata de uma coisa que pudéssemos adquirir. Indagamos por Ele não como quem pergunta sobre um objeto do qual, por fim, se obtém informação. Buscamos a Deus como pessoas que sempre são questionadas por Ele; se somos pessoas autênticas, quem somos realmente, se o que fazemos é, de fato adequado. A busca de Deus exige também uma busca por um modo de ser humano autêntico. E significa que jamais nos contentamos com o que conseguimos. No caminho para Deus, estamos sempre em movimento. Jamais podemos ficar parados e descansar. Deus sempre nos questiona.
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Só pode colocar-se em busca de Deus aquele que admite a própria verdade e se deixa sempre confrontar consigo mesmo por Deus.
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No final das contas, nossa busca de Deus é uma história de amor: ela não terminará enquanto não tivermos encontrado a Deus.



Extraído de Grün, Anselm. O encontro com Deus: experiências de fé de grandes nomes da História. 2. ed. Petrópolis, RJ : Vozes, 2014. p. 7-14.

📷 Andréa Vieira (outubro, 2019).


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