12. Fazes muito bem, ó alma, em buscar o Amado sempre escondido, porque muito exaltas a Deus, e muito perto dele te chegas, quando o consideras mais elevado e profundo que tudo quanto podes alcançar.
Por esta razão, não te detenhas, seja em parte, seja no todo, naquilo que tuas potências podem apreender.
Quero dizer: jamais desejes satisfazer-te nas coisas que entenderes de Deus; antes procura contentar-te no que não compreenderes a respeito dele.
Nunca te detenhas em amar e gozar nessas coisas que entendes ou experimentas, mas, ao contrário, põe teu amor e deleite naquilo que não podes entender ou sentir; porque isso, como dissemos, é buscar a Deus na fé.
Visto como Deus é inacessível e escondido, conforme também já explicamos, por mais que te pareça achá-lo, senti-lo ou entendê-lo, sempre o hás de considerar escondido, e o hás de servir escondido às escondidas.
E não sejas como tantos incipientes(1) que consideram a Deus de modo mesquinho, pensando estar ele mais longe
ou mais oculto, quando não o entendem, nem o gozam, nem o sentem; mais verdade é o contrário, porque chegam mais perto de Deus quando menos distintamente o percebem.
João da Cruz
(1) que inicia, que está no começo; inicial, iniciante, principiante.
Extraído de Obras de São João da Cruz, Petrópolis: Editora Vozes, 1960, vol. II, p.29-30.
Nenhum comentário:
Postar um comentário