sábado, 5 de janeiro de 2019

A Aliança do Tempo

A oração da aliança não nos conduz apenas ao compromisso geral da santa obediência. Ela também nos conclama a resoluções menores. Richard Baxter aconselha-nos a buscar "o tempo mais adequado para orar, o lugar mais adequado para orar e o melhor preparo do coração" para orar. Isso estabelece regras da oração de aliança.
A aliança de tempo significa compromisso com uma experiência regular de oração. Em sua Regra, Bento de Núrsia insiste na regularidade da oração porque ele não desejava que seus seguidores esquecessem quem estava no comando. Os cristãos devotos estão sujeitos a  um risco ocupacional: confundir sua obra com a obra de Deus. É muito fácil trocar "esta obra é importante" por "eu sou importante". Tendo profunda compreensão dessa realidade, Bento de Núrsia convocava seus seguidores para a oração a intervalos regulares durante o dia - bem no meio de uma tarefa aparentemente urgente e importante. Nós também descobriremos que o compromisso com a oração regular fará malograr tanto nossa presunção quanto os ardis do Diabo.
O que é regular, então? Dependerá de você: sua personalidade, suas necessidades. Pelo antigo padrão hebreu, significava orar três vezes ao dia - de manhã, à tarde e à noite.
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Muitos já descobriram seu momento mais produtivo - quase sempre de manhã cedo. "De manhã, Senhor, ouves a minha voz...", declara o salmista (Salmo 5:3).
Devemos ser cuidadosos aqui, a fim de não depositarmos um fardo impossível de carregar sobre ninguém.
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Não podemos presumir que esse tempo se abrirá diante de nós como num passe de mágica. Jamais teremos tempo para orar: devemos criar esse tempo.
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Jamais justifiquemos, por exemplo, nossa falta de oração com a desculpa de que estamos sempre "orando em espírito". John Dalrymple observa, com muito acerto: "A verdade é que só aprendemos a orar o tempo todo e em todo lugar depois que resolutamente dedicamos à oração um pouco de tempo em algum lugar".
Assumir a responsabilidade com outros cristãos ajuda bastante.
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Estou certo disto: sempre haverá alguma coisa tentando afastá-lo dessa hora sagrada. O telefone tocará. A caneta falhará. Alguém baterá à porta. De repente, algo que você deixou inacabado há anos terá de ser concluído com urgência. Numa fração de segundo, você terá de decidir sozinho se permanecerá em seu santuário interior ou se abandonará o santo lugar, cedendo à tirania da urgência.



Extraído de Foster, Richard. Oração: o refúgio da alma. São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 110-114.

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