sábado, 25 de novembro de 2017

Algumas observações sobre Contemplação - Thomas Merton



CONTEMPLAÇÃO 

"É a mais alta expressão de vida espiritual do homem.  
É a própria vida do intelecto e do espírito, plenamente despertada, plenamente ativa, plenamente consciente de que está viva.  
É um espanto espiritual, uma admiração.
Um temor espontâneo, reverencial, diante do caráter sagrado da vida, do ser.”

“Na contemplação, conhecemos  ‘não conhecendo’.
Conhecemos além de todo conhecer ou ‘não conhecer’.
A contemplação resume, transcende e realiza tudo isso e, contudo, parece, ao mesmo tempo, por de lado e negar tudo.
A contemplação vai sempre além de nosso conhecimento, nossas luzes, nossos sistemas, nossas explicações, nosso discursar; vai além do diálogo e além do nosso próprio ser.”
 
“Para entrar no mundo da contemplação, em certo sentido, temos de morrer.
Mas tal morte é, na verdade, passagem para vida mais elevada.
É morte por causa da vida; deixa atrás de si tudo o que podemos conhecer ou ter em apreço sob forma de vida, pensamento, experiência, alegria, ser.
A contemplação atinge o conhecimento e mesmo a experiência do Deus transcendente e inexprimível.
Conhece a Deus parecendo tocá-lo. Conhece – O como se fora por Ele tocado…tocado por Aquele que não tem mãos, mas é a pura Realidade e a fonte de tudo que é real!
Daí ser a contemplação um dom, uma tomada de consciência repentina, um despertar à infinita Realidade que existe dentro de tudo que é real.
Uma consciência viva do Ser infinito nas raízes de nosso próprio ser limitado".

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Sobre o Silêncio



“O silêncio do coração é muito mais importante do que o da boca. Ele é, primordialmente, uma qualidade do coração que leva a uma crescente caridade.
A questão decisiva com respeito ao nosso ministério de silêncio não é se falamos muito ou pouco, mas se nossas palavras invocam o silêncio cuidadoso do próprio Deus. É a esse silêncio que todos somos chamados.” 
Henri Nouwen



“Ao chegar à presença de Deus, permaneça em silêncio respeitoso por um pouco de tempo. Permaneça em Sua divina presença sem estar preocupado sobre o que orar. Simplesmente desfrute Deus.
Quando terminar de orar, permaneça ainda um pouco em silencio respeitoso. Pare de pedir, apenas agradeça e ame a Deus.”
Madame Guyon 1995, texto adaptado
 






Você está precisando de incentivo para orar?


Eu posso fazer mais que orar, depois de ter orado, mas eu não posso fazer mais que orar, até que tenha orado!.” John Bunyan

“Quando agimos, colhemos os frutos do nosso trabalho, mas, quando oramos, colhemos os frutos do trabalho de Deus.” Hans Von Staden

“Não há nada que nos faça amar tanto uma pessoa quanto orar por ela.” Willian Law

“Sempre que Deus deseja realizar algo, Ele convoca seu povo para orar.” Charles Spurgeon

“Quando trabalhamos, nós trabalhamos, quando oramos, Deus trabalha.” Hudson Taylor

“Eu preferiria ensinar um homem a orar do que dez homens a pregar.” Charles Spurgeon

“A maior preocupação do diabo é afastar os cristãos da oração. Ele não teme os estudos, nem o trabalho e nem a religião daqueles que não6 oram. Ele ri de nossa labuta, zomba de nossa sabedoria, mas treme quando nós oramos.” Samuel Chadwick

“O homem que mobiliza a igreja cristã para orar estará dando a maior contribuição para a história da evangelização do mundo.” Andrew Murray

"Os homens podem desdenhar nossos apelos, rejeitar nossa mensagem, opor-se a nossos argumentos, desprezar-nos, mas nada podem fazer contra nossas orações” Sidlow Baxter

“Nunca pedi coisa alguma em oração sem um dia, afinal, recebê-la de alguma maneira, de alguma forma” Charles Muller

“A fé é onipotente só quando está de joelhos”. Autor desconhecido

"Deus nada faz a não ser em resposta à oração" John Wesley

“A oração é o encontro da sede de Deus e da sede do homem.” Agostinho de Hipona

“Na oração, é melhor ter um coração sem palavras do que palavras sem um coração.” John Bunyan

“Orar antes de fazer algo é dependência. Orar depois é gratidão. Orar sempre é comunhão.” S.Savg

LIVRA-ME DA TENTAÇÃO DOS EXTREMOS



Ó DEUS, 
TEM MISERICÓRDIA de mim, pois sou pecador e desequilibrado. 
Livra-me da tentação dos extremos. 
Da apatia religiosa e do fanatismo religioso. 
De nenhuma fé em milagres e da busca frenética por milagres. 
Da negação do Diabo e da ideia fixa do Diabo. 
Da ausência de ambição e da ambição desmedida. 
Da falta de alvos e da multidão de alvos. 
Da ênfase demasiada na teologia do livre arbítrio e da ênfase demasiada na teologia da soberania divina. 
Do anúncio exclusivo da bondade divina e do anúncio exclusivo da severidade divina. 
Da incômoda depressão e da falsa euforia. 
Do desastroso legalismo e do desastroso antinomianismo (1).
 
Salva-me da fé sem obras e das obras sem fé. 
Da ação sem oração e da oração sem ação.  
Da ortodoxia sem amor de do amor sem ortodoxia. 
Da evangelização sem ação social e da ação social sem evangelização.  
Da misericórdia sem sabedoria e da sabedoria sem misericórdia. 
Da psicologia sem teologia e da teologia sem psicologia.
Dá-me a medida certa.  
Não me deixes desviar da tua Palavra nem para a direita nem para a esquerda, para que eu seja bem-sucedido por onde quer que andar. Concede-me moderação no pensar, no falar e no agir.  
E que minha moderação, minha amabilidade, minha modéstia e minha bondade sejam públicas. Não em benefício do meu nome, mas para que outros glorifiquem a ti.
Ajuda-me a ter um conceito equilibrado de mim mesmo. 
Que eu não me considere nem um super -homem nem um superverme. 
Ajuda-me a fazer uso da mesma cautela no que diz respeito aos outros. 
Que eu enxergue seus defeitos e também suas virtudes. 
Ensina-me a ver algo de bom na pessoa que suponho ser perversa e algo de ruim na pessoa que suponho ser santa.
Não me deixes bater palmas demais nem de menos para mim ou para os outros. 
Não me deixes comer demais,  beber demais, trabalhar demais, descansar demais, andar devagar demais, correr demais, ser manso demais ou bravo demais, falar demais ou calar-me demais. 
Livra-me da perigosa estratégia do "tudo ou nada". 
Que eu seja cauteloso como as serpentes e ao mesmo tempo inofensivo como as pombas.
 Que eu preze tanto a tradição como a contestação. 
Torna-me moderado em todas as coisas. 
AMÉM. 


(1) antinomianismo - doutrina luterana de João Agrícola 1494-1566que, em nome da supremacia da fé e da graça divina, prega a indiferença para com a lei

(Elben M. Lenz César - extraído do livro  Súplicas De Um Necessitado) 

O pacote e o carteiro - por Rachel Lívio


Essa é a história de um pacote e de um carteiro, e ela é mais ou menos assim...


Era uma vez um pacote caído à beira da estrada. Já estava lá há tanto tempo que fingia ser aquele o seu lar.
Sabia que não era, pois tinha escassas lembranças do lugar de onde veio. Conhecia o seu remetente e tinha a certeza de que estava extraviado do seu destino, que havia se perdido no caminho. Tudo o que queria era voltar para casa, mas não sabia como.
Certo dia avistou um carteiro. Ele vinha sorridente pela estrada e assobiava uma linda canção que parecia familiar ao pacote. Mas já tinham passado tantos carteiros por ali, que o pacote não acreditava na possibilidade de algum deles encontrá-lo.
Acontece que dessa vez foi diferente.
O carteiro se aproximou e com o olhar cheio de ternura perguntou ao pacote:
- O que você faz na beira dessa estrada? Há quanto tempo está aqui?
- Ah, Sr. Carteiro, nem sei! Já faz tanto tempo que me perdi! Tento voltar para casa, mas não sei a direção.

O carteiro reconheceu a sua voz e se alegrou imensamente ao reencontrá-lo. Disse que estava à sua procura e contou sobre a cidade de onde veio. O fez lembrar dos jardins floridos, do pôr do sol, da sombra das árvores e da água fresca que corria no riacho.
O pacote mal podia acreditar, mas bem embrulhadinha dentro dele havia a convicção de que pertencia aquele carteiro e, por isso, se deixou conduzir.
Foi assim que o carteiro o resgatou. Desatou os nós que o prendiam, retirou a vestimenta rota e empoeirada, o vestiu de papel fino, fez um laço, colocou um novo selo e o reenviou.
Aquele pacote antes abandonado, perdido na estrada e longe de casa, ganhou novo propósito. Foi encaminhado para de onde nunca deveria ter saído. O carteiro o acompanhou para garantir que nunca mais se perdesse.
Dizem por aí que até hoje o pacote e o carteiro caminham juntos, um do lado do outro. Nunca mais o pacote se desviou porque dali em diante o carteiro sempre apontou o destino.
E sobre essa história eu revelo um segredo: um dia fui pacote, ainda bem que o Carteiro me encontrou.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

“Copistas de João”

Um projeto para se tornar IMITADOR DE CRISTO 


1.    Uma breve história da profissão de copista
O legado escrito dos séculos mais remotos provém principalmente dos centros monásticos europeus, onde monges tinham por função reproduzir livros. Especula-se que um bom monge copista fazia duas ou três páginas ao dia.
Em linguagem bíblica, o termo “copista” aplica-se a alguém que transcrevia matéria escrita ou fazia cópias dela, especificamente das Escrituras. A palavra hebraica traduzida por “copista” é sofér, que tem que ver com contagem e registro. Tem diversos significados. Pode denotar um escriba (Jz 5:14) ou um secretário. (Je 36:32; Ez 9:2, 3). Todavia, o termo “copista” é especialmente apropriado quando aplicado a alguém que trabalhava em copiar a Lei e outras partes das Escrituras Sagradas.

2.Meditar na Escritura
Thomás de Kempis, que escreveu o livro Imitação de Cristo, copiou 4 vezes toda a Escritura! Para ele só existe uma verdadeira espiritualidade: quando Cristo é o centro do coração. Tudo é Cristo e através de Cristo, Ele é o alvo a ser alcançado. Kempis nos ensina que devemos ter uma vida que imite a vida de Cristo. E como aprendemos a fazer isso? Conhecendo Jesus através dos Evangelhos.

3. “Copistas de João”
Aprendemos como imitar a vida de Jesus através da meditação nos Evangelhos. O objetivo é crescer nas virtudes de Cristo: humildade, paciência, mansidão, etc.
A ideia é que ao copiar o Evangelho de João conheçamos o Jesus humano, servo sofredor e meditemos em sua vida (sim, escrever com sua própria letra!), sem pressa, mas saboreando suas palavras. E através disso, passemos a imitá-lo em nosso viver.
Para imitar é preciso conhecer!!!
 
4.    O que é preciso?
O que precisará ter à mão é sua Bíblia, um caderno e uma caneta. E então, começar a copiar o texto do evangelho de João, no seu ritmo. Não tem prazo para terminar. O importante é a caminhada!


segunda-feira, 12 de junho de 2017

A "Oração do Coração" - Henri Nouwen




Teófano, o Recluso: "Rezar é descer com a mente ao coração e ali ficar diante da face do Senhor, onipresente, onividente dentro de nós". 


A oração do coração dirige-se a Deus a partir do centro da pessoa e, assim, afeta toda a nossa compaixão. 


Por sua própria natureza, essa oração transforma todo o nosso ser em Cristo, precisamente porque abre os olhos de nossa alma à verdade de nós mesmos e também à verdade de Deus. 


...nos faz clamar: "Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, tem misericórdia de mim, pecador". A oração do coração nos exorta a não esconder absolutamente nada de Deus e a nos entregar incondicionalmente a sua misericórdia.

Assim, a oração do coração é a oração da verdade. Desmascara as muitas ilusões sobre nós mesmos e sobre Deus e nos conduz ao verdadeiro relacionamento do pecador com o Deus misericordioso. 


Como nós, que não somos monges nem vivemos no deserto, praticamos a oração do coração? Como ela influencia nosso ministério cotidiano?


A resposta a essa pergunta está na formulação de uma disciplina definitiva, uma regra de oração. As características da oração do coração que nos ajudam a formular essa disciplina:

— A oração do coração alimenta-se de orações breves e simples. 

— A oração do coração é incessante. 

— A oração do coração inclui tudo.  


No contexto de nossa cultura verbosa, é significativo ouvir os monges do deserto nos aconselhando a não usar palavras em excesso, mas alimentar-se de Orações Breves .

João Clímaco - "A tagarelice na oração sujeita a mente à fantasia e à dissipação; por sua natureza, as palavras simples tendem a concentrar a atenção. Quando encontrar satisfação ou contrição em determinada palavra de sua oração, pare nesse ponto".

A tranquila repetição de uma única palavra ajuda-nos a descer com a mente ao coração...
ajuda-nos a nos concentrar, a nos mover para o centro, a criar uma tranquilidade interior e, assim, a ouvir a voz de Deus.

A segunda característica da oração do coração é ser incessante.

Na famosa história do Peregrino Russo lemos:
O camponês foi de igreja em igreja, para ouvir sermões, mas não encontrou a resposta que queria. Finalmente, encontrou um santo Staretz que lhe disse:

'A oração interior incessante é um anseio contínuo do espírito humano por Deus. Para sermos bem sucedidos nesse exercício consolador, precisamos suplicar com mais frequência a Deus que nos ensine a rezar sem cessar'.


Então, o santo Staretz ensinou ao camponês a Oração de Jesus: "Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de mim". Enquanto viajava como peregrino pela Rússia, o camponês passou a repetir essa oração com os lábios. Até considerava a oração de Jesus sua companheira verdadeira. E, então, um dia, teve a sensação de que a oração passou sozinha de seus lábios para seu coração. Ele diz:

"... parecia que, pulsando normalmente, meu coração começava a dizer as palavras da oração a cada batida... Desisti de dizer a oração com os lábios. Passei simplesmente a ouvir o que meu coração dizia'.


A oração continua a rezar dentro de mim, até enquanto falo com os outros ou me concentro no trabalho manual. Ela se torna a presença ativa do Espírito de Deus que me guia pela vida.
Uma última característica da oração do coração é que ela inclui todos os nossos interesses. Quando entramos com a mente no coração e ali ficamos na presença de Deus, então, todas as nossas preocupações mentais se transformam em oração. O poder da oração do coração é precisamente que, por meio dela, tudo que está em nossa mente se transforma em oração.

...a oração do coração se nutre de orações breves, é incessante e inclui tudo. 

As características da oração do coração deixam claro que ela exige uma disciplina pessoal.  

 
[NOUWEN, Henri J. M. A Espiritualidade do Deserto e o Ministério Contemporâneo - O Caminho do Coração. São Paulo: Ed. Loyola, 2000.]