sábado, 31 de dezembro de 2016

Em construção - Papa Francisco


"Durante a nossa vida causamos transtornos na vida de muitas pessoas, porque somos imperfeitos.
Nas esquinas da vida, pronunciamos palavras inadequadas, falamos sem necessidade, incomodamos.
Nas relações mais próximas, agredimos sem intenção ou intencionalmente.
Mas agredimos.
Não respeitamos o tempo do outro, a história do outro.
Parece que o mundo gira em torno dos nossos desejos e o outro é apenas um detalhe.
E, assim, vamos causando transtornos.
Esses tantos transtornos mostram que não estamos prontos, mas em construção.
Tijolo a tijolo, o templo da nossa história vai ganhando forma.
O outro também está em construção e também causa transtornos.
E, às vezes, um tijolo cai e nos machuca.
Outras vezes, é a cal ou o cimento que suja nosso rosto.
E quando não é um, é outro.
E o tempo todo nós temos que nos limpar e cuidar das feridas, assim como os outros que convivem conosco também têm de fazer.
Os erros dos outros, os meus erros.
Os meus erros, os erros dos outros.
Esta é uma conclusão essencial:
Todas as pessoas erram.
A partir dessa conclusão, chegamos a uma necessidade humana e cristã: o perdão.
Perdoar é cuidar das feridas e sujeiras.
É compreender que os transtornos são muitas vezes involuntários.
Que os erros dos outros são semelhantes aos meus erros e que, como caminhantes de uma jornada, é preciso olhar adiante.
Se nos preocupamos com o que passou, com a poeira, com o tijolo caído, o horizonte deixará de ser contemplado.
E será um desperdício.
O convite que faço é que você experimente a beleza do perdão.
É um banho na alma!
Deixa leve!
Se eu errei, se eu o magoei, se eu o julguei mal, desculpe-me por todos esses transtornos…
Estou em construção!"

Papa Francisco

Só sementes

Para refletir:

"Um rapaz entrou numa Loja e viu um senhor no balcão.
Maravilhado com a beleza do lugar, perguntou:
- Senhor, o que se vende aqui?
- Os dons de Deus. Respondeu-lhe o senhor.
- Quanto custam? - voltou a perguntar.
- Não custam nada. Aqui tudo é de graça!
O rapaz contemplou a Loja e viu que haviam jarros de amor, vidros de fé, pacotes de esperança, caixinhas da salvação, muita sabedoria, fardos de perdão, pacotes grandes de paz e muitos outros dons.
O rapaz, maravilhado com tudo aquilo, pediu:
- Por favor, quero o maior jarro de amor, todos os fardos de perdão e um vidro grande de fé, para mim,  meus amigos e família.
Então o senhor preparou tudo e entregou-lhe um pequeno embrulho que cabia na palma da sua mão.
INCRÉDULO, o rapaz disse:
- Mas como pode estar aqui tudo o que pedi?
Sorrindo, o gentil senhor lhe respondeu:
- Meu respeitável Irmão, na Loja de Deus não entregamos frutos! Só Sementes!! Plante-as !!!"


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Solidão - Henri Nouwen

"Solidão é a fornalha da transformação.
Sem a solidão permanecemos vítimas de nossa sociedade e continuamos a ficar presos no emaranhado de ilusões de nosso "falso eu".

Jesus mesmo entrou nesta fornalha. 
Ali ele foi tentado com as três compulsões do mundo: 
ser relevante ("transforme pedras em pães"),
ser espetacular ("atire-se de cima") e
ser poderoso ("eu lhe darei todos os reinos").
Ali ele afirmou Deus como única fonte de sua identidade ("Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto").

A solidão é o local da grande luta e do grande encontro - a luta contra as compulsões do "falso eu", e o encontro com o Deus de amor que oferece a si mesmo como a substância do novo "eu"...

Na solidão eu me livro das minhas muletas: não há amigos para conversar, não há telefonemas para fazer...

A missão é permanecer em minha solidão, permanecer em minha cela até que todos os meus sedutores visitantes cansem-se de bater em minha porta e deixem-me sozinho."