segunda-feira, 27 de maio de 2019

A oração mais completa

No centro de toda oração cristã, está a celebração da ceia do Senhor. Quase todos os aspectos da oração estão incluídos na ceia: exame, arrependimento, petição, perdão, contemplação, ação de graças, celebração, entre outros. Ela incorpora perfeitamente a essência da oração, da qual somos participantes ativos, mas toda graça vem de Deus. Todos os sentidos são empregados. Vemos, cheiramos, tocamos, provamos. Ouvimos as palavras sacramentais: "Isto é o meu corpo. [...] Este cálice é a nova aliança no meu sangue". Em resumo, a oração da ceia do Senhor é a mais completa que faremos deste lado da eternidade.
Os cristãos de coração honesto percebem que a vida de Cristo é compartilhada conosco por meio da ceia.
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Deus escolheu os elementos mais comuns da refeição judaica (pão e vinho) para compartilhar sua vida por meio deles.
Na oração da ceia do Senhor, somos constantemente lembrados de que a Paixão é o centro do evangelho. Isso nos obriga a retornar ao grande sacrifício: o corpo ferido de Jesus, seu sangue derramado. É assim que vivemos. É assim que somos fortalecidos. É assim que recebemos poder. Na oração da ceia do Senhor, sentamo-nos todos à mesa no mesmo nível: o instruído e o sábio não têm vantagem sobre o ignorante e o imaturo. Todos nós abrimos mãos, fazendo a oração da criança - oração de recebimento.
Na oração da ceia do Senhor, nossos sentimentos são irrelevantes. Não precisamos invocar emoções especiais para ser dignos de participar. Sento-me à mesa "como estou, sem justificativa além do teu sangue, que foi derramado por mim". Você também. Perante o Senhor, não faz diferença o que sentimos ou qual é o nosso desempenho. Viemos de mãos vazias e também abertas. O que acontece é por causa da graça.
Não hesite por não se sentir digno. Essa refeição é expressamente para os indignos. Venha! Coma! Beba! "Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha" (1).

 (1) Bíblia Sagrada: NTLH — Nova Tradução da Linguagem de Hoje. Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil, 2000. 1 Coríntios 11:26.



Extraído de Foster, Richard. Oração: o refúgio da alma. São Paulo: Editora Vida, 2008, p.159-162.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Oração de descanso

"Descanse. Descanse. Descanse no amor de Deus. O único trabalho que você precisa ter é o da máxima atenção à quieta e pequena voz de Deus que está dentro de você." - Madame Guyon

Deus, por meio da oração de descanso, põe seus filhos no olho do furacão. Quando à nossa volta só existe o caos, dentro de nós existe estabilidade e serenidade. Em meio a uma intensa luta pessoal, permanecemos tranquilos e relaxados. Enquanto milhares de frustrações querem nos distrair, continuamos atentos e concentrados. Isso é fruto da oração de descanso.

"Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso." (1)

Toda compreensão, todo controle, toda atividade manipuladora da vida nos deixam exaustos.
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Existem três ações bem definidas para nos conduzir à oração de descanso. A primeira é a solitude. Na solitude, abstemo-nos voluntariamente dos padrões normais de atividade e interação com as pessoas, por um tempo, a fim de descobrir que nossa força e bem-estar provêm somente de Deus.

Uma segunda prática consagrada é a do silêncio, a tranquilidade em relação ao que os antigos escritores chamavam de "atividade de criatura". Significa combater nossa tendência de controlar a todos e querer consertar tudo. No silêncio aquietamos todo ato que não esteja arraigado em Deus. Ficamos quietos, calados, imóveis, até que tudo esteja equilibrado. Esse silêncio de atividade humana capacita-nos a ouvir a Deus. François Fénelon escreveu:
"Devemos silenciar toda criatura, devemos silenciar a nós mesmos, para ouvir o silêncio profundo de toda a alma, a voz inefável do esposo. Devemos inclinar os ouvidos, pois é uma voz suave e delicada, ouvida apenas pelos que não ouvem mais nada."
O terceiro modo de adentrar a oração de descanso é o que chamamos de reminiscência. Reminiscência significa foco. Significa tranquilidade de mente, coração e espírito. Consiste na simples contemplação de nós mesmos até estarmos unificados ou integrados. A ideia é livrar-se de tudo que constitua uma distração, até estarmos de fato presente onde estivermos.

Podemos cultivar uma vida de reflexão. Podemos vencer, obtendo esclarecimentos sobre nossa existência - quem somos e qual o propósito de sermos assim. Podemos fazer um retiro pessoal apenas para pensar no rumo de nossa vida. Isso é o que devemos recordar.

(1) Bíblia Sagrada: NTLH — Nova Tradução da Linguagem de Hoje. Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil, 2000. Mateus 11:28


Extraído de Foster, Richard. Oração: o refúgio da alma. São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 135-149, 228.


sábado, 18 de maio de 2019

Oração de adoração

A oração é a resposta humana ao contínuo derramamento de amor pelo qual Deus forma um cerco em torno de cada alma. Quando a nossa resposta a Deus é dada da mais direta forma, chamamos a isso "adoração". Adoração é o anseio espontâneo do coração por adorar, honrar, magnificar e bendizer a Deus.
...na adoração adentramos a atmosfera rarefeita da devoção abnegada. Não pedimos nada, apenas expressamos nossa admiração por Deus. Não buscamos nada, a não ser sua exaltação. Não nos concentramos em nada, a não ser em sua bondade. "Na oração de adoração, amamos a Deus por ser quem ele é, por seu verdadeiro ser, por sua radiante alegria" (1).
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Muitas vezes, somos levados a pensar que Deus é tão majestoso e superior, que nossa adoração não faz nenhuma diferença para ele.
Nosso Deus não é feito de pedra. Seu coração é o mais sensível e terno que existe. Nenhum gesto passará despercebido, nenhuma causa será considerada pequena ou sem importância.

"Na escola da adoração, a alma aprende por que razão fica tão inquieta ao se aproximar de um novo objetivo." - Douglas Steere.


(1) Douglas V. Steere, Prayer and Worship. New York: Edward W. Hazen Foudation, 1938, p.4.


Extraído de Foster, Richard. Oração: o refúgio da alma. São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 121-134  .