"Não podemos escolher a família em que nascemos, mas podemos escolher o tipo de família que queremos ter.
Quando procuramos viver na luz em família, todas as coisas que tentamos manter escondidas se tornam evidentes e a verdade aparece. Expor-se à luz quase sempre é um processo doloroso, pois implica encarar o nosso lado sombrio, nossas debilidades, nossas feridas e dores, e sabemos que isso não é nada fácil. Por outro lado, viver na luz é encontrar a força transformadora de Cristo, que nos capacita a produzir os frutos da luz: bondade, justiça e verdade.
Todos nós já enfrentamos situações dolorosas em algum momento da vida. Muitas vezes, a simples lembrança desses fatos nos faz sofrer novamente. É aí que entra o perdão. Precisamos decidir se vamos ou não perdoar a nós mesmos ou à pessoa que nos feriu, seja pai, mãe, irmão, irmã, cônjuge, ou qualquer ou pessoa. Ao clarear os lugares escuros da nossa vida familiar, o Senhor nos liberta e nos leva ao lugar de adoração, pois somente a verdade pode nos tornar livres (Jo 8.32). Portanto, os assuntos de família devem ser tratados e esclarecidos, para que haja perdão, reconciliação e entendimento.
Os conflitos familiares atingem de forma diferente cada membro da família. Muitas vezes, o mesmo acontecimento pode causar profunda impressão em uma pessoa e não significar nada para outra.
A família, assim como a igreja, é uma comunidade de pecadores. Ora, se todos na igreja se comportam como “santos” e não como redimidos, dificilmente alguém terá coragem de confessar seus erros. Bonhoeffer comenta, com ironia, que é muito difícil ser pecador em uma igreja de santos. A confissão faz surgir a luz em meio às trevas. Porém, muitas vezes procuramos esconder nossa condição de pecadores criando uma imagem falsa de nós mesmos ou usando uma máscara de perfeição. Para ser tratado, o pecado precisa ser trazido à luz, porém isso não acontece com facilidade, pois temos dificuldade em reconhecer nossos próprios erros e fracassos. No entanto, se desejamos desfrutar da comunhão dentro da família ou da igreja precisamos caminhar na luz, conforme 1 João 1.7.
Einsfeld faz o seguinte comentário: “Ainda não encontrei nenhuma família perfeita, ideal, em que tudo sempre está bem. Não. A Bíblia, sendo a Palavra de Deus, não esconde as falhas das pessoas, o lado negativo das relações familiares. E com isso nós nos identificamos com essas famílias e pessoas. E aprendemos para não repetir os mesmos erros deles. mas, acima de tudo, se o pecado é revelado, então a graça, o amor de Deus é ainda maior. Por exemplo, se a Bíblia fala de brigas e divisões, ela não deixa de falar da maravilha que é a reconciliação, a paz e a restauração de pessoas e famílias conforme a boa vontade de Deus."
Extraído do livro: De Bênçãos e Traições